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SLC Agrícola: Tudo o que você precisa saber e pouco mais

15min de leitura

Misael Guedes

Misael Guedes

Redação

Que o agronegócio brasileiro é um dos maiores do mundo você provavelmente já sabia, mas você sabia que o Brasil é o maior produtor de soja do mundo, o segundo maior exportador de algodão e o terceiro maior produtor de milho?

Dá pra imaginar a força do nosso agro né? Mas ainda assim temos poucas empresas do setor na bolsa. No Índice Bovespa temos apenas a SLC Agrícola como participante do setor.

A SLC Agrícola é uma das maiores produtoras de algodão, milho e soja do nosso país, seus mais de 600 mil hectares de terra em mais de 20 fazendas distribuídas por 7 estados nos dão uma dimensão do tamanho da empresa.

Pra você ter uma ideia, a SLC tem em terras o equivalente a 5x o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.

É justamente sobre isso que vamos falar nesse artigo: Como a SLC se tornou um dos maiores players do agronegócio brasileiro, com um valor de mercado de mais de R$ 10 bilhões

Só pra adiantar pra você, deixamos uma surpresa no artigo, espero que encontre e aproveite.

Nesse artigo você verá:

  • A história de SLC Agrícola
  • Modelo de Negócios da SLC
  • Como funciona a SLC hoje

História

Para entender como a SLC Agrícola se tornou uma gigante do agronegócio, a gente precisa voltar lá para o ano de 1945. Foi neste ano que os empresários gaúchos Balduíno Schneider e Frederico Logemann fundaram uma oficina para consertar máquinas e ferramentas agrícolas na cidade de Horizontina, lá no Rio Grande do Sul.

O nome escolhido para a oficina foi: Schneider, Logemann & Cia, ou como você deve ter percebido, SLC. Já em 1947, percebendo o potencial do agronegócio na região, os dois empreendedores começaram a produzir as suas próprias máquinas agrícolas. Infelizmente, neste mesmo ano, Frederico Logemann faleceu.

Quem assumiu seu lugar no negócio foi seu filho, Jorge Antônio Logemann, que anos mais tarde, em 1965, seria um dos responsáveis pela realização de um dos marcos mais importantes da história da companhia – o lançamento daprimeira colheitadeira automotriz do Brasil, a SLC 65-A.

Isso foi uma grande inovação porque naquela época esses veículos eram todos importados e depois montados no Brasil. Com o pioneirismo da SLC, o maquinário nacional deu um salto de qualidade e autenticidade.

Além disso, é importante mencionar que neste período a SLC também se tornou revendedora da marca de tratores suecos Valmet no Brasil, o que fez a empresa criar uma área voltada à venda de tratores e serviços relacionados.

Na década seguinte, a SLC deu início à sua estratégia de diversificação de negócios, e em 1977, comprou a Fazenda Paineira, no município de Coronel Bicaco, no Rio Grande do Sul. A aquisição da propriedade, onde era cultivado soja e trigo, marcou o nascimento da Agropecuária Schneider Logemann, atual SLC Agrícola.

Nesse momento, além de fabricar e revender máquinas agrícolas, a SLC passou também a produzir grãos, levando a expertise das suas operações industriais para o campo. Mas, esse negócio ainda levaria tempo até se tornar uma peça chave na estratégia da companhia.

Enquanto isso, no seu negócio principal, as colheitadeiras mecanizadas da empresa chamaram atenção de uma gigante americana, a John Deere, que comprou 20% da SLC em 1979, além da criação de umajoint-venture para fabricação de tratores e colheitadeirasem Horizontina, marcando a entrada dela no mercado brasileiro.

No ano seguinte, a empresa começou sua expansão para o Centro-Oeste do Brasil, com a aquisição daFazenda Pamplona, no estado de Goiás. Lá eram plantados soja, milho e arroz em cerca de 500 hectares, bem no meio do cerrado brasileiro.

Nos anos seguintes, a empresa continuou com a sua estratégia de comprar terras no cerrado brasileiro e também expandiu sua operação industrial, construindo sua segunda fábrica na cidade de Horizontina em 1987, já sob a gestão de Eduardo Logemann, que assumiu a liderança do grupo com o falecimento de seu pai Jorge.

Na década de 90, a empresa seguiu crescendo num ritmo acelerado, e em 1996, lançou sua marca própria de tratores juntamente com a John Deere, a SLC-John Deere. Além disso, neste mesmo ano, a SLC Comercial passou a ser uma revendaexclusiva dos seus sócios americanos, e não mais da Valmet.

Pouco depois eles fizeram mais um movimento estratégico. Em 1997 a SLC começou a plantar algodão na fazenda Planalto, no Mato Grosso do Sul. Logo, o algodão viraria uma das principais culturas da empresa.

Tudo indicava que o Grupo SLC seguiria na sua rota de crescimento na virada do milênio. Mas, em 1999 tudo mudou.

Novo milênio, nova era, e o IPO

Depois de mais de 50 anos atuando na fabricação de máquinas agrícolas, chegando a se tornar um dos maiores fabricantes de colheitadeiras do Brasil, em 1999 a SLC anunciou que estava deixando o negócio evendeu sua participação na joint-venture para a John Deere.

Era o começo de uma nova era. Agora, seus esforços estariam todos voltados para a produção agrícola. Com esse novo foco definido, no ano 2000, eles compraram as Fazendas Palmeira (MA) e Paiaguás (MT), continuando a expansão da empresa no cerrado brasileiro.

Além disso, a família Logemann assumiu 100% do controle da SLC e mudou o nome de Agropecuária Schneider Logemann para SLC Agrícola. Outra novidade foi a criação da SLC Alimentos, uma divisão focada no processamento da produção agrícola.

Na sequência, a companhia adquiriu mais duas propriedades rurais, dessa vez no oeste baiano: a fazenda Panorama localizada em Correntina (BA) e aFazenda Piratiniem Jaborandi (BA), ambas na Bahia.

Novo milênio, novo core business, nova estrutura organizacional… O que mais a SLC poderia inventar? Se você pensou em IPO, acertou. Hoje pode até parecer trivial, mas na primeira década dos anos 2000, uma produtora rural abrir capital na bolsa de valores era algo bem remoto!

Mesmo assim, foi isso que eles fizeram e se transformaram na primeira empresa produtora de grãos e algodão do mundo a abrir seu capital, uma operação que envolveu cerca de R$ 490 milhões lá em 2007.

Já no ano seguinte eles captaram mais dinheiro com um follow-on, que movimentou R$ 307 milhões. Com quaseR$ 1 bilhão em captações, a empresa voltou às compras e, ainda em 2008, foram adquiridas as fazendasPalmares, na BA e Parnaguá no PI.

Modelo de Negócios da SLC Agrícola

A partir da entrada na bolsa brasileira, a SLC começou a mostrar como ela enxergava o seu modelo de negócios (que não mudou muito até hoje). Esse modelo pode ser dividido em 3 frentes:

  • ### Operação agrícola em terras próprias
  • ### Operação agrícola em terras arrendadas e joint-ventures
  • ### Aquisição de terras brutas para transformação e venda.

Em 2010, por exemplo, eles fizeram a primeira venda de uma propriedade do portfólio, a da fazenda Palmeira (MA), 10 anos depois de terem comprado.

Aqui a terceira frente fala mais alto, já que foi uma oportunidade de negócios onde compraram a propriedade, exploraram por um tempo para depois venderem.

Um ano depois, de olho na primeira frente, que ainda era a mais forte, eles compraram as Fazendas Parceiro, localizada em Formosa do Rio Preto (BA), e Paineira, localizada em Monte Alegre (PI).

Depois, em 2012, a segunda frente (a das joint-ventures) finalmente começou a ser contemplada com a criação da SLC LandCo, que foi criada em conjunto com o fundo britânico de private-equity Valiance (que hoje tem 18,8% dessa empresa).

A lógica do negócio foi a seguinte: a SLC incluiu as fazendas Planeste (MA), Panorama (BA) e Piratini (BA) e o fundo entrou com dinheiro para aquisição e exploração de mais terras no Brasil.

No ano seguinte, em 2013, mais duas joint-ventures foram criadas: a Fazenda Pioneira, com o Grupo Dois Vales Participações, e a SLC-MIT, com a Mitsui & Co, o gigante grupo empresarial japonês.

Dessa forma, o modelo de negócios da empresa foi se tornando cada vez mais “asset light” nos anos seguintes, ou seja, com menos necessidade de capital.

Após anos de forte crescimento com a aquisição de milhares de hectares de terras no cerrado brasileiro, a SLC Agrícola deu início à terceira fase da sua estratégia de crescimento.

Estratégia de crescimento da SLC Agrícola

Só pra recapitular, a empresa dividiu sua estratégia em 3 fases:

  • A fase 1, chamada de “O milagre do cerrado", foi a fase da formação do modelo de negócios.
  • A Fase 2 é a "Janela de arbitragem”, que foi a fase de crescimento depois do IPO.
  • E a Fase 3: “Distância em relação à média”, que é a fase atual da empresa, pautada pela eficiência operacional, solidez financeira e crescimento asset light.

Seguindo sua estratégia, em 2021 a empresa realizou alguns movimentos importantes, entre eles, a incorporação da empresa Terra Santa Agro, que adicionou cerca de 145 mil hectares de terras no estado do Mato Grosso; e o contrato dearrendamento com a Agrícola Xingu, que adicionou 39 mil hectares no estado da Bahia e também em Minas Gerais.

Por fim, o grande marco, que coroou boa parte da história da empresa, foi em maio de 2022, quando a SLC Agrícola teve suas ações incluídas no Ibovespa, o principal índice de ações da bolsa de valores brasileira, virandoa primeira empresa agrícola a chegar neste panteão.

Hoje, a SLC Agrícola tem 23 propriedades, distribuídas em 7 estados brasileiros. Nelas, ela produz soja, milho, algodão e, às vezes, gado para engorda em uma integração lavoura-pecuária. Toda essa produção é distribuída ao longo daqueles quase 600 mil hectares de terra.

Esse território imenso inclui áreas próprias, arrendadas, operações com sociedades e também as áreas pertencentes à subsidiária SLC LandCO.

No total, a SLC Agrícola tem cerca de 4 mil colaboradores e, em 2023, está avaliada em mais de R$ 10 bilhões de reais.

Enfim, essa foi a história de como a SLC se tornou uma gigante do agronegócio brasileiro.

E pra você que ficou até aqui, tenho um presente, o relatório completo da SLC Agrícola, com toda a história da empresa, seu modelo de negócio e o valuation da empresa. Tenho certeza que você vai gostar, o link tá aqui embaixo:

Relatório Completo com Valuation de SLC Agrícola

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